10 maio 2010

E o desespero é tão grande!!

É realmente como me sinto... DESESPERADO!!!

Desde sempre, achei que ia ser 1 bom pai... afinal, estava enganado!!! Quando a princesa era pequena, eu stressava imenso com o choro dela, muita vezes por não saber o que fazer!!

Agora é diferente... e já não sei o que fazer.

A princesa mais parece uma bruxa... é mal educada, responde torcido, é teimosa e principalmente a semana que passou e terminou ontem, foi muito dificil!!

Respondona, não se cala, não ouve ninguém e só faz o que lhe pedimos/mandamos depois de 3 ou 4 vezes, ou com gritos ou com uma palmada...

Não era assim que eu idealizava 1 relação pai/filha e sinceramente já não sei o que fazer...

Já ralhei, já gritei, já dei palmadas e não há maneira dela mudar ou aprender...

Penso que neste momento, a pincesa já não é bem respeito que sente por mim... é mais medo!! e o meu sentimento por vezes é de largá-la em qualquer lado...

A tristeza que às vezes sentimos (sei que a Carla também a sente) é tão grande, que não há palavras para a descrever...

É triste quando a única coisa que me apetece é não estar com ela, ou irritar-me tanto com o mau feito que só me apetece é bater-lhe até me cansar... não sei o que fazer, não sei onde estou a errar, mas sei que não posso continuar assim... não é bom para mim nem é bom para ela!!! Tenho medo de perder a cabeça e cometer uma loucura!!

A Inês fica feliz quando está no colégio ou quando está com outras pessoas... se estiver só com os pais faz birra, mas se dissermos que vamos ter com alguém fica logo bem disposta.

Qualquer dia, dou-a para adopção ou inscrevo-a num colégio interno!!!

2 comentários:

Clairvoyant disse...

A adopção é uma solução, faz bem encararmos os limites. Ajuda-nos a colocar as coisas novamente em perspectiva.

O vosso desabafo tocou-me, e por isso este testamento que se segue.

Não vos conheço, portanto não vou falar do vosso caso, vou antes falar do meu. Do meu mesmo, meu e da minha mãe. A D. Maria (grande senhora que viverá sempre no meu coração), raramente precisava de bater nos filhos, e eu sou o mais velho, ou seja, levei com a inexperiência dela.

A D. Maria não nos deixava fazer farinha. Falava conosco não como crianças, mas como pessoas normais, com o entendimento que conseguissemos ter. Nunca admitiu faltas de respeito, castigava sobretudo privando-nos do que gostavamos de fazer, e a palavra dela era lei. Por mais que chiassemos (e eu e a minha irmã bem ensaiamos a técnica do choradinho), nunca cedia.

Os nossos actos sempre tiveram consequências, das quais nunca nos livravamos sem cumprir os castigos na integra. Por isso sabiamos à partida que não valia a pena insistir, berrar ou fazer fitas.

Birras na rua era coisa que nem sequer existia, só pelos olhos dela percebiamos logo que em casa ia haver conversa.

Birras em casa era coisa premiada com umas palmadas pelo rabo. E lá dizia a minha avó (e com razão) sem pão e umas porradas ninguém se cria. Refiro que a minha avó é uma alentejana que nunca foi à escola, mas tem uma sabedoria incrivel, além de um mau feitio descomunal compensado pelo enorme coração que alberga no peito.

Nunca a minha mãe precisou de nos aplicar castigos corporais pesados. Nunca nos deixou qualquer marca. Sempre soube mostrar-nos o caminho, educou-nos da melhor forma que pode, e sempre soubemos que ela nos amava mais do que a própria vida. Cá dentro sabiamos que quando nos castigava lhe custava fazê-lo, mas nunca vacilava.

A D. Maria era imperfeita, sabia-o e nunca pediu desculpa por esse facto, mas admitia quando errava. Isso não fazia com que passasse as rédeas para nós. A mãe era ela, e ela é que mandava. Fim de conversa.

Sou um previligiado, tenho uma mãe digna de ser mostrada em todo o lado, de cabeça erguida e pelo meu braço. Levei alguns ralhetes (bastantes) e uns açoites (poucos), tantos quantos ela achou serem estritamente necessários. Amo-a profundamente e hoje temos uma relação de amizade em igualdade. Somos ambos adultos, cada um com a sua experiência de vida, e ajudamo-nos mutuamente. Não trocaria a minha mãe por nada deste mundo.

Vocês devem acreditar que as coisas tendem a endireitar-se. Devem acreditar que um dia a vossa filha compreenderá o que fizeram por ela. Sejam honestos com a garota, proporcionem-lhe o essencial e algumas coisas acessórias, mas não demasiadas.

Ajudem-na a sentir-se previligiada pelo que recebe dos pais, sobretudo o amor e apoio, nem que para tal, quando ela precisar, haja um quentinho na zona das cuecas. Permito-me a um pequeno reparo pessoal. Princesa porque? Ela fez alguma coisa para merecer essa distinção? Não me levem a mal, acho muito bonito que os pais pensem assim nos filhos, mas daí a dizê-lo? Ela não se sentirá colocada num pedestal, vendo-vos como os servos a que tem direito por nascimento, cujo unico objectivo de vida é satisfazer os seus caprichos?

Seria bom que ela vos visse como pessoas, com direitos tal como ela. Perceber que para se adquirirem direitos há que desenvolver esforço. Sei perfeitamente que generalisei e não tenho elementos para afirmar que possa ser o caso, mas como me lembrei disto e achei que é importante, escrevi na mesma.

As birras nunca podem ter efeito nos pais, nem que a criança os esteja a fazer passar uma vergonha. Sobretudo em público as crianças não podem adquirir alavancagem sobre os pais. Eles percebem muito rapidamente quais são as armas que os pais lhes permitem ter, e usam-nas sempre que lhes for conveniente.

Só posso dizer que façam o vosso melhor, estejam conscientes desse facto e se precisarem de ajuda, quem melhor do que as pessoas que vos criaram para estar na linha da frente do aconselhamento?

Clairvoyant disse...

Seria bom que um ano volvido, esta minha resposta pecasse por tardia.

Desejo sinceramente que as coisas melhorem. Sejam felizes os três, por muitos e bons anos, e que um dia, se esta coisa da internet ainda existir, possam descobrir qualquer coisa escrita pela vossa filha em que ela diga sobre vós o que eu digo a qualquer pessoa em qualquer lado sobre a minha mãe.

Bem hajam.