O líder do PSD explica que rejeitou as recentes medidas de austeridade propostas pelo Governo “não por irem longe de mais, mas porque não iam suficientemente longe”, num artigo de opinião no “Wall Street Journal”.
“A nosso ver, o último pacote de austeridade não iria potenciar o crescimento mas impor sacrifícios inaceitáveis aos membros mais vulneráveis da sociedade. Eram demasiados impostos e uma redução de despesa insuficiente”, refere, num artigo publicado esta quarta-feira na edição impressa do “Wall Street Journal”.
No texto, Pedro Passos Coelho reitera o “compromisso firme” com as metas de redução do défice com que o Governo português se comprometeu e responsabiliza o executivo socialista pela crise financeira do país.
“Desde o início da crise financeira temos sido testemunhas da falta de vontade ou inabilidade do Governo para implementar as medidas necessárias para responder verdadeiramente aos problemas de Portugal e levar o país a um caminho de estabilidade”, afirma, dizendo que o país está actualmente dependente do financiamento do Banco Central Europeu e que poderá atingir este ano “um défice superior a 5 por cento, segundo a Comissão Europeia”.
No “Wall Street Journal”, Passos Coelho recorda o apoio do PSD a vários programas de austeridade do Governo mas lamenta não ter visto benefícios dessa acção do partido.
“Cada vez que apoiámos uma acção conjunta de aumentar a receita e reduzir a despesa, os aumentos de impostos foram rapidamente implementados enquanto a redução de gastos e as reformas orientadas para o crescimento foram sucessivamente adiadas”, disse.
“Esta combinação entre inacção do Governo e negação não podia continuar”, acrescenta.
Foi por estas razões, explica, e pela forma como o Governo se comprometeu internacionalmente sem ter o necessário apoio interno, que os sociais-democratas votaram contra as mais recentes medidas de austeridade do executivo que, na sua opinião, não iam suficientemente longe.
“[As medidas] não se dirigiam ao coração do principal desafio económico de Portugal, que é assegurar que o crescimento anda de mãos dadas com a disciplina fiscal”, refere, acrescentando ainda que as últimas medidas apoiadas pelo PSD “não foram implementadas”.
Referindo que o país terá eleições “em Maio ou Junho”, o líder do PSD sublinha que esse será o momento de “fazer escolhas claras”, nomeadamente no que deve ser o papel do Estado e em que bases deve assentar a competitividade da economia.
“O PSD irá apresentar um programa claro e realista para responder aos problemas de Portugal”, promete Passos Coelho, dizendo que uma “ampla coligação (…) ajudará à confiança dos mercados e ao próprio processo político”.
“Não descansarei enquanto não conseguir esta coligação”, garantiu.